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Do Caos á Lama

  • Foto do escritor: CoMorar Viver Melhor
    CoMorar Viver Melhor
  • 21 de fev. de 2020
  • 4 min de leitura

Belo Horizonte sempre conviveu bem com os temporais. Por ter uma topografia acidentada, a ocorrência de enchentes e deslizamento de encostas, transbordamento de rios e córregos sempre fizeram parte da história da cidade.


Me lembro bem, quando ainda era moleque e morava na casa da minha mãe, no bairro Gutierrez, que as enxurradas eram a alegria da meninada. Logo depois da “pancada”, quando o céu já começava a abrir, corríamos para a rua em busca de diversão. A preferida de todas, era a corrida de folhas nas enxurradas, bem pertinho do meio fio. Cada um tinha uma técnica especial para a escolha da melhor folha. Ia de uma esquina a outra. Uma festa! E olha que a enxurrada demorava para acabar.


Pois então! Bons tempos...


Mas o que temos vistos nos últimos anos, em nada se parece com o passado. A cidade cresceu muito e perdeu sua permeabilidade. Talvez essa seja a grande diferença que temos nos dias de hoje.



Novos bairros foram planejados, ruas asfaltadas, terrenos ocupados, alguns de forma ordenada outros nem tanto. A verdade é que “encapamos” nossa cidade. E aquela enxurrada, tomou proporções inimagináveis. Pelo menos para mim!


No dia 28, quando meu WhatsApp começou a ser invadido por vídeos do temporal, eu fiquei assustado com a força das águas. Nunca tinha visto nada igual. Ruas se transformaram em rios e arrastaram tudo que havia pela frente. Bueiros pareciam fontes e lançavam água por mais de 1m de altura. A água invadiu casas, lojas e diversos condomínios, cujas garagens, em muitos casos, foram tomadas pelas águas. Cenas de caos generalizado e desespero para muitas pessoas.


No dia seguinte, momento de contabilizar os prejuízos!


Passei por alguns locais atingidos e o cenário era devastador. A primeira pessoa que conversei foi com um porteiro de um prédio localizado na rua Grão Mongol, região da Savassi. “Moço, eu não estava aqui na hora da chuva, mas quando cheguei no condomínio para substituir o porteiro da noite, estava uma confusão só. Ele me contou que a água entrava por tudo quanto era lado e que na cobertura teve muita quebradeira” comentou.


Na região da praça Marília de Dirceu, a situação era bastante crítica. Foi uma das áreas mais atingidas da capital. A Rua foi, literalmente, por água abaixo. O interessante é que as máquinas da prefeitura já estavam lá para iniciar os trabalhos de recuperação. Não sei se por eficiência, ou por ser uma região habitada por pessoas de alto padrão aquisitivo.


Na porta de um condomínio, notei a movimentação frenética de várias pessoas e um caminhão cheio de mangueiras que entravam pelo portão da garagem. Cheguei mais próximo e pude observar que a água tinha invadido a garagem, quase até o teto. Das sete mangueiras que contei, apenas uma estava funcionando. Perguntei para um funcionário da empresa: por que só uma mangueira está funcionando? E ele me respondeu: “As bombas não estão dando conta. O condomínio está com energia insuficiente para fazê-las funcionar”.


E vou te falar, as empresas de desentupimento “lavaram a égua”! Nunca vi tanto caminhão reunido numa mesma região. Tinha até engarrafamento!


Aproveito para chamar a atenção dos síndicos. Nesses casos, algumas empresas se aproveitam da situação e abusam na cobrança. Teve síndico que pagou, por determinado serviço, um valor cinco vezes maior que o normal. “Márcio, eu estava com muita urgência para realizar o serviço, mesmo assim, ainda peguei três orçamentos. Confesso que fiquei com a empresa que ofereceu o menor valor, mas depois de executar o serviço, o funcionário disse que o valor era outro. Paguei!”


O síndico havia cotado as empresas em sites de busca na internet e não pegou nenhum recibo da empresa. Então fica a dica: quando contratar um serviço, peça preço fechado. Se houver algum imprevisto durante o serviço, negocie antes de aceitar.


Circulando mais um pouco, deparei-me com umas pessoas retirando lama da garagem de um condomínio. Era o síndico e mais alguns moradores auxiliados por um funcionário de uma empresa terceirizada.


Era muita lama! Perguntei ao síndico como tinha sido a noite e ele emocionado soltou a seguinte frase:

“A gente fica sem saber o que fazer”. Ele contou que já tinha presenciado outras enchentes no prédio, mas que aquela tinha sido avassaladora”.

Passei também pelo bairro Buritis, na região Oeste. Lá o perigo maior foram os deslizamentos de encostas. Muitos condomínios foram atingidos. Teve condomínio que ficou com lama até 13cm de altura.


O momento agora é de contabilizar os prejuízos e saber a quem recorrer para repará-los.

Já comentei que as seguradoras não costumam pagar prejuízos com alagamentos. Vai depender do que está na apólice. O Código Civil em seu artigo 1.346, diz que: “É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total ou parcial.” Não especifica outras coberturas obrigatórias além do risco de incêndio. Por isso, falei sobre a importância de se escolher um bom corretor de seguros, pois ele é a pessoa mais indicada para apresentar uma boa proposta para o condomínio.


A prefeitura deve ser acionada em muitos casos. No Buritis mesmo, um dos condomínios que visitei e que sofreu com deslizamento de terra, o terreno é da prefeitura.

As variáveis aí são tantas que caberá ao síndico avaliar, junto aos condôminos, que caminho tomar. E uma boa assessoria jurídica pode ser muito interessante nessa hora.


Ficam agora, lições para tirarmos de tudo isso que aconteceu. O que estamos fazendo com a nossa cidade? O que deu ou está dando errado?


Como disse uma urbanista que entrevistei:

“As cidades são planejadas por técnicos, mas os projetos passam pelas Câmaras de Vereadores, onde são modificados de acordo com interesses econômicos.”

Coisas do Brasil!



E você, teve alguma experiência com as chuvas deste ano ou de anos anteriores? Conta aí prá gente. Achou interessante? Então compartilhe com seus amigos.

Quer saber mais sobre as chuvas?

Veja nossa matéria no Jornal do Síndico

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