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Garagem nossa de cada dia

  • Foto do escritor: CoMorar Viver Melhor
    CoMorar Viver Melhor
  • 12 de fev. de 2021
  • 3 min de leitura



Meu pai sempre foi um funcionário público exemplar. Trabalhou nos Correios, na Vale do Rio Doce e terminou a carreira como chefe do Dner (atual Denit), em Minas Gerais.


Uma vez o escutei contando um caso que, não sei por qual motivo, ficou guardado na minha memória. Não lembro de tudo, mas sei que ele recebeu, no seu gabinete, um político exigindo que uma obra do seu interesse, fosse realizada. Daquelas coisas de bater na mesa e falar bem alto, “colocando banca”.


Meu pai sempre foi muito tranquilo – em casa, quem colocava ordem e dava as broncas sempre foi minha mãe, mas nesse dia, como ele contou, perdeu a paciência. Também bateu forte na mesa e disse para o sujeito que tinha várias outras prioridades, como recuperar as rodovias, castigadas pelas chuvas do verão 79/80, e botou o tal político para fora do gabinete sem atendê-lo.


Mas o que que isso tem haver com garagens de condomínio?


É que, quando mudamos para Belo Horizonte, em 1968, fomos morar num condomínio no bairro Gutierrez. O bairro ainda era pouco habitado. Tinha uns pequenos prédios e algumas poucas casas. Nosso condomínio, foi o primeiro do bairro a ter elevador. Naquela época, não se pensava em área de lazer e, muito menos, em vagas de garagem para todas as unidades. Nem todos moradores tinham carros. Mas mesmo assim, já existiam conflitos para a ocupação das vagas.


Meu tio, irmão do meu pai, também morava no mesmo prédio e, já naquela época, possuía dois automóveis – um opala e um fusquinha. Tanto minha tia, quanto também minha mãe, já dirigiam.


Para evitar conflitos e ajudar para que todos que tivessem carros, pudessem ter uma vaga, eles decidiram ocupar uma área que cabiam os três veículos. Meu pai tinha uma Kombi.


Só que a Kombi ficava atravessada na frente do Fusca e do Opala. E, toda vez que meu tio ou minha tia saiam, duas pessoas tinham que descer para manobrar os carros, na saída e na chegada.


Imagina, todo dia ter que fazer essa “ginástica”! Pois fizeram isso por quase 20 anos...


Os dois tinham espírito público, de servir ao coletivo e toparam essa "parada" para ajudar que todos tivessem uma vaga para seus carros.


Atualmente, é mais difícil encontrar situações como essa. Os condomínios já são comercializados com um número de vagas predeterminado, por unidade. Mas, ainda existem muitos conflitos e vários deles vão parar na Justiça.


Outro dia mesmo, recebi uma ligação de um morador de um condomínio, localizado na Região Oeste de BH.


Ele relatou que um morador do condomínio tinha comprado uma Van e que a vaga não comportava o veículo e, ainda, atrapalhou a saída de outros carros. Queria saber quais a providências que o síndico deveria tomar.


Num primeiro momento, conforme a conversa foi evoluindo, disse que o síndico deveria notificar o morador, justificando que a vaga não comportava um veículo daquele porte.


Mas o próprio morador, num determinado ponto da conversa, relatou que existia uma vaga, de outro condômino, que poderia comportar a Van sem atrapalhar os demais.


Então, mudei a minha conversa e sugeri que ele solicitasse ao síndico, a convocação de uma assembleia para discutir o assunto e ver se a troca de vagas poderia ser estabelecida, mesmo que por um período determinado.


Alguns meses depois, o morador voltou a me ligar para dizer que tinha dado certo.


Nem sempre dá! Mas abrir canais de discussão, podem resultar em alternativas interessantes.


Então, o ponto de partida para minimizar conflitos relacionados com garagens, é verificar o que diz a convenção sobre o assunto. Pode ser que lá esteja definido como será o uso dessa área comum. Alguns condomínios até aprovam um regimento para o uso da garagem.


Depois de verificar a convenção, é bom conferir o livro de atas. O livro de atas trás a história do condomínio, por isso ele é muito importante. Pode ser que em determinado período do tempo, alguma resolução quanto ao uso das vagas tenha sido deliberada em uma assembleia e aprovada pelos condôminos moradores da época.


E, caso seu condomínio esteja passando por problemas nessa área comum, solicite ao síndico que convoque uma assembleia para discutir o assunto. Pode ser que que nem tudo se resolva de imediato, mas criando regras de uso, conflitos futuros podem ser evitados.


Tem algum caso interessante aí no seu condomínio? Conta aí nos comentários, quem sabe a solução encontrada serve para outras pessoas!



Quer saber mais sobre esse assunto?


Escuta o que já publicamos no Spotfy



Tem também matérias no site do Jornal do Síndico


Posso alugar a minha vaga?


Um carro a mais pode?


E vender?


Entulho na garagem

http://www.jornaldosindico.com.br/belohorizonte/materias/entulho-na-garagem/


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